CANIBALIA
“Canibalia” é o novo vídeo do Tetine para o segundo single do nosso mais recente álbum, Animal Numeral, lançado pelo selo Slum Dunk Music em 11 de outubro de 2019.
Canibalia é uma canção eletrônica experimental sintética, dissonante e lírica evocando questões sobre o ‘novo’ corpo digital-orgânico e suas pulsões de morte, sexo, prazer e vida. Um grito ambíguo psycho-sexual trans-humano sobre corpos digitais [e analógicos] em meio a paisagens sonoras tensas. O corpo [desgastado] trans-humano em movimento perpétuo, reprogramado rítmica e cognitivamente por forças existências invisíveis (afetivas, numéricas, hormonais e de linguagem); testado, provado, idealizado, racializado, sugado, e re-introduzido em porções cósmicas de tempos e espaços contaminados.
Concebido como uma performance sobre procedimentos de exaustão do próprio corpo à serviço do gozo, o vídeo traz Sharmuta Afi – antigo persona/alter-ego de Bruno Verner recorrente em outros happenings e vídeos do Tetine como “IF”, “Poema em Linha Direta/ Endless ABC ”, assim como em ações de caráter experimental do grupo desde 2001 - habitando o que Sharmuta entende poeticamente como um “não-lugar”; um espaço-tempo real, como uma zona não-metafórica, sufocante, misteriosa e opaca inserida em algum lugar entre a cidade e o mar. Em outras palavras, um espaço destinado a livrar o seu próprio corpo do ódio. Um entorno de renascimento físico, espiritual, religioso e sexual onde a canibália (digital ou não) se procria incessantemente para comer seu próprio coração, assado. E o tempo, é apenas uma construção; uma terceira dimensão para organizar realidades ou sonhos.
Em uma coleção de 11 faixas que se movem entre dark sambas, pós-punk, synth pop, IDM e spoken word, Canibalia é também a faixa de abertura de Animal Numeral com Bruno nos vocais, além de teclados e programações. Definido por Bruno e Eliete como “um álbum ao mesmo tempo ‘distópico-utópico’ de synthpop lírico”, e concebido como uma espécie de ‘grito’ ambíguo sobre o fim do mundo como ainda o conhecemos; uma espécie de reengenharia transitória de acumulações utópicas, sentimentos inadequados, e memórias indisciplinadas sob a forma de um corpo orgânico-mecânico de amor e pulsão de morte - Animal Numeral traz um Tetine lírica e politicamente afiado, reintroduzindo, sem pedir licença, sua poética tropikal mutante punk-funk contra as forças do capital para uma nova geração que começa a conhecer o trabalho da dupla agora.
Não resista, música de invenção, sem algemas e de beleza estranha.
EXU AFI, em Setembro de 2019 w/ Bruno Verner y Eli Mejorado
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