TETINE

Wednesday, 19 June 2013

TETINE - TURKISH BATH (SONAR / INSTITUTO TOMIE OHTAKE, SAO PAULO 2004


Between 2003 & 2004 we filmed & talked to 16 gorgeous men in  realtime for a project called Turkish Bath. We ended up with more than 16 hours of footage & all sorts of conversations on various aspects of masculinity. Turkish Bath was only exhibited twice - first time in Sao Paulo as part of Sonar at Instituto Tomie Ohtake, thanks to Lucas Bambozzi who was man enough to allow us to do it. We also did a reconfigured version at Monkeytown in New York in 2006. We tried to show it in London several times but the project was always turned down or censored due to male frontal nudity. Check out some rare footage of the installation in its first instalment here  back in 2004. There is also a feature on Dust Magazine published today. All my love & gratitude to Jarbas Lopes, Tobi Maier, Anton Z Risan, Alfredo Genovesi, Tiago Borges, Gabriel Braga Nunes, Federico Bolza, Stuart Wyatt, Khalet Almaki, Jamie Moston, Ivan Javanovich, Giacomo Picca, Kentaro Kase, Dominc Carnegie, Toshiiji Katoh and Leo Tapuri.


https://vimeo.com/67714802


Tuesday, 4 June 2013

Interview for Brazilian paper O GLOBO (complete)
















O GLOBO  - Vcs anunciaram que o novo album é decidado ao filme "O bandido da luz vermelha", de Rogerio Sganzerla, inclusive incluindo nele a música "O bandido". Qual a ligação? Sei que vcs já fizeram uma performance, tocando enquanto o filme era exibido.

Pra gente existe uma conexão esquisita, quase mística entre o que o Sganzerla e a Helena Ignez fizeram em relação a produção de cinema deles e o que a gente faz com música. São muitas coisas em comum nas trajetórias e isso ficou muito visível pra gente depois que conhecemos a Helena pessoalmente. Foi um prazer imenso e uma coisa muito importante pro Tetine quando ela participou ativamente na nossa performance no Sesc Vila Mariana. A musica 'O Bandido' foi escrita especialmente pra ela como uma declaração de amor mesmo.  Descobrimos ali muita coisa em comum, o jeito de trabalhar, o modo de lidar com a industria e com o mercado no Brasil, a história de não fazer concessões quando se está criando algo autoral, o lado da performance e do improviso que também eram bem presentes nos filmes, as produções independentes e por ai vai. Sentimos uma identificação imediata com a história toda. Por isso dedicamos o disco ao filme.
Apesar do 'In Loveland With You' não ser diretamente um disco sobre o filme, da pra dizer que foi muito influenciado, principalmente porque muitas das canções do álbum nasceram depois que fizemos esse projeto. 
Estamos em tempos completamente diferentes, mas estamos falando de questões similares só que usando um outro suporte, no caso o som.


O GLOBO - Como o novo disco se relaciona com os seus trabalhos anteriores. É mais uma ruptura do que uma continuação, não? Afinal, ele tem momentos mais introspectivos do que dançantes

Sim, nesse sentido ele é bem menos luminoso que os nossos últimos discos.  Sonoramente eu acho ele mais apocalíptico, um pouco mais pessimista que muitos dos trabalhos anteriores, mesmo nos momentos mais dançantes. As canções são mais complexas, as melodias são mais tensas, as estruturas menos obvias e tem muito texto o tempo todo. O disco foi concebido como uma coisa só, as faixas se interligam, contam uma história. Funciona um pouco como o nosso 'cinema'. 
''In Loveland With You' é um disco melancólico, mais experimental mesmo.   Se você ouve ele de cabo a rabo funciona como uma espécie de audio movie. 


O GLOBO - Como foi o processo de criação desse disco? Ele demorou mais tempo do que o normal (para vocês) para ser criado?

Foi bem doméstico,  o disco foi todo gravado em casa no nosso estudio ao longo de 2 anos. Começamos em 2010 e acabamos no final de de 2012. 
Foi um disco que foi amadurecendo a medida que gravávamos e não teve pressa nenhuma pra finalizar. Ele reflete bem os nossos dois últimos anos.


O GLOBO - Há algum tipo de conceito envolvendo as letras desse disco? Elas parecem mais sombrias do que o normal.

Existe um espaço psíquico como conceito que chamamos de 4* mundo. Esse é o mote por trás do disco todo. Pra gente esse conceito funciona como uma espécie de metáfora para falar de um 'estado', de lugares não-específicos, de aquecimento global, de tecnologia, de guerras políticas e biológicas, de industria. Estamos falando de uma sensação constante de falência emocional e espiritual que me parece uma coisa global no mundo pós-capitalista. Algo que pode estar no Brasil, na Inglaterra, no Líbano ou em qualquer outro endereço. De uma prisão psíquica e corporal como cantamos em faixas como 'Burning Land', 'Loveland', Shake e Dream Like A Baby.  Acho que as músicas falam sobre esses 'disfarces' que afetam o espaço que vc ocupa no mundo de agora, como uma maquiagem sempre pronta, como um "anti-inflamatório" constante. 


O GLOBO - Como surgiu a parceria com Arnaldo Baptista, na faixa "To burn"?

'To Burn' foi composta por mim e pela Eliete com a letra do Arnaldo e os vocais dele em contraponto aos nossos. A parceria surgiu a partir de um disco que estavam fazendo sobre a faixa 'To Burn Or Not Burn' do Arnaldo. Dai criamos o To Burn. Nos convidaram para participar mas o disco acabou não saindo. Depois que gravamos achamos que a sonoridade tinha tudo a ver com o 'In Loveland With You' que estavamos começando a fazer na época e dai decidimos inclui-la no álbum. 


O GLOBO - Algumas faixas, como "Burning land", "Tuva", "Joy N2" e "Shake" tem um aspecto cinematográfico, são quase visuais. De alguma forma o cinema (além de Sganzerla) foi uma influência nesse trabalho?

Cinema é uma comida muito importante pro Tetine desde que começamos. Essas faixas são mais fílmicas, mais atmosféricas e com um outro tipo de densidade sonora. 
As faixas do disco de um modo geral são bem experimentais tb nas suas estruturas, mesmo as canções. Filmes como "The Trial" do Orson Wells, "O Bandido" do Sganzerla, "A Woman Under Influence" do Cassavettes foram muito importantes e acho que muitas imagens ficaram grudadas na memória e isso tb acabou influenciando o processo de criação do disco.


O GLOBO - O disco tem participações também de Alex Antunes e Ricardo Domeneck. Como foram essas gravações? Á distancia mesmo ou vcs estiveram juntos?

A distância. O Alex mandou pra gente a letra de Eu To em Chamas e a primeira ideia era fazer uma dobradinha entre ele e a Eliete. Os vocais da Eliete ficaram guardados ate que resolvemos criar uma música nova para ela. Ai nasceu "Eu To Em Chamas" que tem letra do Alex. Gostamos muito do resultado e resolvemos coloca-la no disco.

O Ricardo é um grande poeta, parceiro e amigo de muitos anos aqui na Europa. Fizemos várias coisas juntos e ele lançou pela pequeno selo dele Kute Bash o nosso vinil do LICK MY FAVELA em 2006.  Fizemos "Mula" em colaboração. A música nasceu da ideia de fazermos algo juntos em cima da palavra e do conceito de MULA e foi amor a primeira vista quando rolou. Estávamos numa sintonia muito parecida e falando de coisas similares, de deslocamento, de imigração,  de 'cascos não retornáveis". De um lugar fora do lugar. 


 O GLOBO  - Vcs já estão radicados em Londres há mais de dez anos. Qual é a sua relação com a cidade nesse momento (estabelecidos? querendo voltar ao BR?) e de que forma ela influencia o que vcs fazem?

Sim há mais de 13 anos. O leste de Londres é a nossa casa desde 2000. Nossa vida gira em torno do mesmo bairro que moramos desde o começo. Aqui conhecemos todo mundo do sapateiro, do fruteiro, dos caixas de supermercado aos outros artistas que moram na área e o povo da noite e tal. Foi aqui que passamos mais da metade da história do Tetine. Nosso processo criativo é muito influenciado pela cidade, muito influenciado pelo bairro. Foi aqui que fizemos a maioria dos vídeos do Tetine. É aqui que nossa filha vai na escola e nosso trabalho é um reflexo disso tb. Aprendemos a amar muito tudo isso. O senso de humor, as autocríticas, o anonimato. É daqui que saem a maioria das nossas observações. É uma vida simples, sem carro. Vamos na lavanderia, nos cafés, isso tudo acaba virando música de alguma forma. Tem um elemento de domesticidade muito forte no dia a dia que reflete o que estamos fazendo como artistas.

Ja o Brasil  é um caso de amor antigo, funciona como um namorado mas não sei se o Tetine existiria ainda se estivéssemos morando no Brasil. Sempre existiu um deslocamento grande com relação a nossa música, às performances que fazíamos, e também com o jeito independente de trabalhar. Era difícil um espaço pra existir dignamente. As pessoas não sabiam onde nos encaixar. Se era da cena de música, do video, das galerias de arte, etc. No 'In Loveland With You' falamos muito sobre isso tb entre outras coisas.

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